TERAPIA RACIONAL-EMOTIVA COMPORTAMENTAL (TREC)
por Renan Almeida – Psicólogo e Hipnoterapeuta
O modelo ABC da TREC enfatiza três aspectos da experiência humana que são: (A) as adversidades ou os eventos ativadores, (B) o nosso sistema de crenças e as avaliações que fazemos dos acontecimentos e (C) as consequências que podem ser Comportamentais (Cc) ou Emocionais (Ce).
As situações pelas quais passamos em nossa vida (A) muitas vezes geram sentimentos como raiva, depressão, ansiedade, culpa e medo (Ce) ou comportamentos evitativos ou compulsivos (Cc). Pode parecer muito lógico e natural, à primeira vista, que “C” seja uma conseqüência de “A”, quando na verdade são nossas avaliações e crenças sobre os acontecimentos “B” que geram “C”. Não são os eventos em si que nos deixam tristes, mas sim o modo como processamos internamente esses eventos, ou seja, nossa interpretação das situações.
A TREC afirma que sentimentos perturbadores e comportamentos destrutivos são frutos de crenças irracionais que distorcem a nossa percepção da realidade e nos fazem reagir de maneira inadequada. Ellis concluiu que há uma tendência biológica do ser humano a construir crenças irracionais como mecanismos de defesa e que, na maioria das vezes, estas crenças irracionais tornam-se inadequadas e continuam a funcionar em nossa mente, gerando respostas disfuncionais.
Estas crenças irracionais são caracterizadas por serem generalizadoras e inflexíveis, ou seja, transformam nossas preferências em exigências absolutistas. Uma pessoa, por exemplo, pode desejar ter um relacionamento feliz e duradouro com um parceiro. Supondo que este desejo seja frustrado, aquela pessoa poderá ficar naturalmente triste, mas irá prosseguir na busca de outro parceiro que realmente venha fazê-la feliz e realizada. Crenças disfuncionais, rígidas e absolutistas, podem deixar a pessoa deprimida, furiosa e até mesmo fazê-la desistir de encontrar seu parceiro para se relacionar, simplesmente porque a crença irracional é de que ela TEM que ter uma relação feliz e duradoura a qualquer custo.
Outro exemplo é o indivíduo que tem medo de falar em público, evitando julgamento negativo das pessoas em relação ao seu desempenho. Isto pode ser resultado de crenças irracionais inflexíveis que levam o indivíduo a ter um elevado grau de auto-exigência em seu desempenho “perfeito” em relação ao público. A estas tendências absolutistas e inflexíveis a TREC denomina de Musturbation (Must em inglês significa “tenho que”) e Shouldism (Should em inglês significa “devo…”).
Para combater estas crenças irracionais, a terapia racional-emotivo comportamental propõe um Desafio a estas crenças (D) através do debate filosófico. Na verdade, as pessoas não TÊM que se sair bem em tudo que fazem, nem DEVEM ser perfeitas. Seria desejável que saíssemos bem em tudo que fizéssemos, mas podemos aceitar uma situação adversa e fazer diferente na próxima vez. Para Ellis, a natureza biológica e social do ser humano faz com que ele seja falível. Ninguém é perfeito, erramos constantemente e continuaremos errando. A proposta da TREC com o modelo ABC é desafiar as crenças irracionais e cultivar crenças racionais para que nos tornemos menos afetados pelas frustrações e dificuldades da vida.
Perceba se você transforma suas vontades em imposições arrogantes. Freqüentemente, pessoas passam do “eu desejo ser próspero e bem-sucedido” para “eu tenho que ser próspero e bem-sucedido”. Ou então, do “eu gostaria que aquela pessoa gostasse de mim” para “Aquela pessoa tem que gostar de mim”. E ainda do “seria bom se minha vida fosse melhor” para “minha vida tem que ser melhor do que é”.
Estas exigências geram frustrações e conseqüências negativas que limitam nossas ações e nos fazem sofrer. Quase todas as exigências não condizem com a realidade social. É impossível uma pessoa sempre ser aceita pelos outros, sempre fazer as coisas corretamente, sempre receber reconhecimento das outras pessoas, etc.
Nós temos pouco controle sobre as adversidades, mas podemos conseguir controlar nossas crenças e avaliações sobre elas. Nós não sofremos por causa de nossas preferências de sucesso, mas por construirmos exigências absolutas e inflexíveis em relação ao sucesso.
O objetivo da TREC é ajudar as pessoas a lidar com suas expectativas absolutas, derivadas das crenças irracionais, tornando-se menos vulnerável frente às adversidades e vivendo melhor ao aceitar a si mesmo e as situações. Desta forma você pode, deliberadamente, construir estados e comportamentos saudáveis e fortalecedores, sendo seu próprio terapeuta.
Vale a pena conhecer esta ferramenta que mudou a vida de muitas pessoas no mundo todo, através das obras de Albert Ellis. Viva com mais leveza, se aborreça menos, encante-se pela vida!
Renan Almeida
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A “TRE” é amplamente utilizada em comunidades terapeuticas e clínicas de reabilitaçao em todo país de forma resumida e simplificada, já que raras instituições contam com profissionais especializados – geralmente sao feitos grupos facilitados por técnicos somente, que via de regra usam generalizações e seguem apostilas com temas pré determinados.
Estamos tentando na Clínica Feminina Vitoriosos implantar um modelo cognitivo-comportamental onde psiquiatras e psicólogos especialistas realizam a análise do comportamento e a TREC de acordo com os conceitos de Albert Ellis. Um processo de individualização do tratamento que pretendo poder avaliar quanto a eficácia e eficiência até o final do ano.
Parabéns pelo artigo, seguirei e indicarei suas publicaçoes!
Olá, Gustavo!
Torço pelo sucesso de todo e qualquer trabalho realizado com responsabilidade e boa vontade.
AS terapias cognitivas estão entre as melhores da atualidade.
Grande abraço!