Não sei por que, mas hoje acordei com uma vontade danada de contar ou lembrar histórias.
E lembrei-me de uma historieta que falava de um pirilampo, que voava feliz, ostentando sua luz – e ostentava porque era o seu natural e não por vaidade (podem os pirilampos ter vaidade?). Enfim, o tal pirilampo voava, e sua luz iluminava folhas, caminhos e, às vezes o próprio ar no qual nosso personagem se deslocava.
Em dado momento de sua vida, surgiu uma serpente noturna (existe? não sei…) que passou a persegui-lo.
E tanto a serpente o perseguiu que, por fim, conseguiu alcançá-lo…
E quando a serpente estava prestes a devorá-lo, o já quase falecido pirilampo pediu a palavra. Já que seriam suas últimas palavras mesmo, a poderosa serpente concedeu-lhe a dádiva da expressão e o pirilampo disse:
– Está bem claro que você não é um predador natural de minha espécie, ou seja, não fazemos parte da mesma cadeia alimentar, então, por favor, me responda por que me persegue e quer devorar-me?
E a serpente respondeu prontamente:
– Simples! É porque seu brilho me incomoda…
E devorou o indefeso pirilampo…
Mas, esta história me fez lembrar de uma cena que vi, não sei se na casa de parentes ou na velha casa – quando digo velha não é eufemismo, a casa era velha mesmo – de minha infância.
Era noite… A luz de fora da casa estava acesa. Um grupo de mariposas – me desculpe a ignorância, pois não sei o coletivo de mariposas – se aproximou da lâmpada acesa e voava incansável em torno da lâmpada, possivelmente atraídas, ou mesmo embasbacadas, com a luz emitida pela lâmpada.
Creio que eu tinha muito tempo sobrando aquela noite, pois fiquei a observá-las: as mariposas voavam, voavam, voavam… e não sei se por puro cansaço ou se por falta de assunto ou por alguma incapacidade que eu desconheço, caíam uma a uma, mortas…
E as caravanas, onde entram nestas histórias?
É… não entram…
As caravanas são uma metáfora pura de uma ocorrência de meu cotidiano, fazendo um paralelo com o tão célebre ditado: “Os cães ladram e a caravana passa…”
Todas as noites, ao voltar para casa, em uma rua próxima do meu destino, passo por dois cães, um de cor preta e outro de cor amarela – talvez um tão em moda vira-latas caramelo – que insistem em atacar as rodas de meu veículo… Não sei bem os nomes deles, talvez seja BJ, ou algo parecido com isso, e OC (para o bem de nossa narrativa, resolvi mantê-los anônimos, a fim de preservar suas identidades caninas) ou algo que nos lembre um sentido mais além… Sei lá… Mas não importam os nomes dos cães, o que importa mesmo é que cães gostam de latir para as rodas dos carros e correr atrás dos veículos, mesmo sabendo que não os alcançarão… Pobre e triste sina…
Mas você pode estar se perguntando: qual é a moral da história?
Não sei. Talvez algumas histórias sejam amorais mesmo – ou seriam imorais, dados os personagens envolvidos??? Não sei, mesmo!
De qualquer maneira, fiquei de meu lado refletindo que as pessoas que tem algo a transmitir ou a ensinar deveriam fazê-lo, sem se incomodar ou refrear seu processo produtivo/criativo por conta de pretensos juízes ou julgadores oportunistas que sempre procurarão criar uma cena ou situação para falar mal de quem faz o que eles, por incompetência, não fazem… ou será por preguiça? E ás vezes, hipocritamente, disfarçam um poder que não pode, pois é baseado em um saber que não sabe, sob a ardilosa capa de uma falsa humildade. Sim, falsa humildade, pois que a verdadeira humildade não é a condição de subalternidade ou humilhação, mas a capacidade de manter-se fértil, propício ao aprendizado e às mudanças, pois que humildade vem de “húmus”, que é a terra fértil, sempre propícia a novos plantios…
Lembrei de um Mestre falando: “a luz deve ser colocada sobre o velador”, obviamente para que cumpra a sua missão de mostrar o caminho… Mas lembrei-me, também, do sábio filósofo Sócrates que dizia que “a maior punição para os bons era serem governados/liderados pelos maus, por conta de sua omissão” e, me permiti inspirar-me no grande filósofo e dizer: “os bons não devem se omitir sob o ataque dos maus, a fim de não serem coniventes com a violência e ignorância deles”.
Paz profunda!
Ah! Lembrei-me de Gandhi também, que não deixava injustiças sem resposta à altura…
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